Uma lâmpada notável vem desafiando o tempo e a lógica, permanecendo acesa desde 1901. Ao contrário da cultura descartável atual, a história da lâmpada centenária vislumbra um passado em que os produtos eram feitos para durar.
Localizada em um quartel de bombeiros na tranquila cidade de Livermore, Califórnia (EUA), esta lâmpada permanece acesa há mais de um século, quase sem interrupção.
Sua longevidade é tão extraordinária que conquistou um lugar no Guinness Word Records, o Livro dos Recordes. Originalmente concebida como uma lâmpada com potência de 60 watts, seu filamento de carbono com maior área gradualmente escureceu até o equivalente a uma lâmpada atual de 4 watts, devido à degradação natural do material. A lâmpada é revestida em vidro relativamente espesso, fabricada de forma artesanal, um testemunho do artesanato do final do século XIX.
A operação contínua da lâmpada centenária, agora completando 124 anos de vida útil (mais de um milhão de horas de serviço) e consumo de energia aproximada de 4.300 kWh, contrasta fortemente com as lâmpadas modernas. A título de comparação, uma lâmpada LED, hoje, estima-se que dure, em média, até 50.000 horas, o que equivale a quase seis anos.
As lâmpadas atuais utilizam predominantemente filamentos de tungstênio, uma evolução dos filamentos de carbono do passado. O tungstênio, introduzido no início do século XX, ao ser aquecido pela passagem da corrente elétrica, tem um ponto de fusão mais alto, o que permite lâmpadas mais brilhantes e eficientes.
No entanto, apesar desses avanços, a lâmpada incandescente moderna não chega perto da vida útil de suas antecessoras históricas, como a lâmpada centenária.
Agora como uma atração turística com webcam ao vivo, esta lâmpada centenária, originalmente instalada pela extinta Shelby Electric Company, desafia o ritmo acelerado da tecnologia moderna, personificando resiliência e nostalgia em uma era em que a maioria dos dispositivos se esgota rapidamente.
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O Cartel de Phoebus e a Obsolescência Programada
O fenômeno das lâmpadas de curta duração remonta a uma reunião crucial em 1924. Em Genebra, Suíça, um grupo de empresários dos principais fabricantes de lâmpadas do mundo, incluindo a Osram, Philips, Compagnie des Lampes e General Electric, reuniram-se para abordar uma ameaça crescente aos seus negócios: lâmpadas que duravam muito.
Esta reunião marcou a formação do Cartel de Phoebus, nome dado em homenagem ao deus grego da luz. O objetivo do cartel era simples: dividir o mercado mundial por zona de fabricação e cotas de produção. Entretanto, o seu legado, muito mais duradouro e impactante, foi o de projetar uma vida útil mais curta para as lâmpadas e que não durassem mais de 1.000 horas.
Essa estratégia, conhecida como obsolescência programada ou planejada, envolvia a redução deliberada da vida útil das lâmpadas para impulsionar o aumento de vendas e lucros. O cartel estabeleceu padrões que limitavam artificialmente a durabilidade das lâmpadas no mercado global. Engenheiros que antes buscavam estender a vida útil das lâmpadas agora tinham a tarefa de encontrar maneiras de encurtá-la, usando filamentos mais finos e alterando o design das lâmpadas para garantir a conformidade com a vida útil de 1.000 horas.
Embora o cartel tenha se dissolvido na década de 1930 devido a pressões externas e ao advento da Segunda Guerra Mundial, seu legado de obsolescência planejada persistiu, influenciando diversos setores e moldando os produtos de consumo até os dias de hoje.
Atualmente, com muitos fabricantes substituindo produtos em geral em favor de outros mais eficientes e caros, quando surge uma nova tecnologia que supera uma antiga, vale a pena revisitar essa história.
fonte: interestingengineering
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