domingo, 20 de setembro de 2020

Voo Varig 254: Interpretação Enganosa do Plano de Voo Contribuiu para a Queda da Aeronave

Conheça a história de um acidente aéreo que aconteceu em meio à selva no norte do Brasil há 31 anos. Investigações identificaram falhas nos procedimentos de voo e apontaram erros nas ações que os pilotos tomaram.

O voo Varig 254, na época, um serviço comercial de longa distância e de várias escalas intermediárias em cidades como Uberaba, Uberlândia, Goiânia, Brasília, Imperatriz e Marabá, teve início de rota em São Paulo, com destino final em Belém.

Na sua última escala, após a decolagem em Marabá, a aeronave, ao invés de tomar o rumo em direção norte para Belém (não mais que uma hora de tempo voo), virou e acabou indo em direção oeste, uma área remota da selva amazônica. Percebendo a gravidade da falha e desorientado, os pilotos não conseguiram encontrar um aeroporto alternativo para pousar. A aeronave sobrevoou sem rumo por mais de três horas até ficar sem combustível, terminando por fazer um pouso forçado no meio da floresta densa.

Devido à força do impacto, a aeronave sofreu grande desaceleração, o que teria provocado danos graves. Na aeronave, havia 54 pessoas a bordo entre passageiros e tripulantes, sendo que 12 morreram em decorrência da queda e outros 17 ficaram gravemente feridos. Os sobreviventes foram localizados e resgatados dois dias depois.

Aspectos Operacionais

O erro inicial neste acidente foi cometido enquanto a aeronave ainda estava no aeroporto de Marabá. A notação para radial/curso, de acordo com o plano de voo gerado nos computadores da Varig, tinha sido alterada de três para quatro dígitos.

Para a rota prevista a ser voada (Marabá - Belém), o comandante consultou o plano de voo e viu que o rumo magnético (Magnetic Course - MC) necessário para chegar a Belém era de 0270 graus. O comandante interpretou como sendo rota oeste a 0270 graus, ao passo que a rota pretendida era 027,0 graus ou 027.0 graus. Quando o Comandante olhou para o plano de voo, provavelmente se esqueceu do décimo de grau representado pelo último dígito e leu 0270 graus como valor de uma grandeza normal. O plano de voo não mencionava qualquer alerta especial à necessária atenção ao quarto dígito, dito decimal, porém sem a vírgula ou o ponto que o distinguiria como tal.

Para o Boeing B-737-200 usado no voo, o controlador de voo tinha espaço para três dígitos e, assim, o comandante descartou o primeiro zero à esquerda e entrou com radial 270 graus no curso do Instrumento Horizontal Situation Indicator (HSI), sendo que o correto seria descartar o último dígito correspondente ao dígito decimal, passando o MC a ser 027.0 graus (027 graus). O co-piloto limitou-se a inserir o mesmo rumo nos seus instrumentos, sem conferi-lo. Ambos os pilotos deveriam ter checados os procedimentos até então realizados, visto que o curso definido para oeste (radial de 270 graus) é claramente inconsistente com a rota de Marabá a Belém.

Fontes: Cenipa, UOL

Plano de Voo Computadorizado
O curso do Horizontal Situation Indicator (HSI) foi programado para radial de 270 graus, diferente da rota de 027 graus prevista para o voo entre Marabá e Belém.




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